segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Comercialização de Emissões

          Em 11 de Dezembro de 1997, na Conferência Climática em Kyoto, no Japão. Foi aprovado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), ou seja, a comercialização de emissões. Em essência, a cláusula diz que as nações industrializadas podem comprar sua isenção do compromisso de emitir menos dióxido de carbono (CO2) ao remunerar outros países para que economizem suas próprias emissões em seus lugares. Sendo assim, fazemos parte de um experimento que se fundamenta na convicção de que o capitalismo pode salvar o clima. A criação do MDL foi imposta pelo então presidente americano Bill Clinton como condição para assinar o protocolo climático, com isso ele conseguiu um meio dos Estados Unidos se isentar de sua responsabilidade poluidora, mas até hoje os Estados Unidos se recusam a colocar em prática as decisões tomadas em Kyoto.
          Na usina termoelétrica de NiederauBem da Alemanha, as caldeiras de aquecimento encontram-se enfileiradas uma atrás da outras, como se estivessem sobre uma linha do tempo. As mais antigas, bem à esquerda, datam dos anos 1960 e eram consideradas máquinas gigantescas praticamente incontroláveis. O bloco mais moderno, à direita, tem capacidade para gerar 1.000 megawatts (MW), sendo quase sete vezes mais potente que as antigas.
          “Apenas” 57% do calor de queima ainda escapam inutilizados através das chaminés das torres de resfriamento. Esse bloco é a usina termoelétrica de linhito mais moderna do mundo. Sua construção custou um bilhão de euros (R$ 2,368 bilhões) e, para que esse investimento seja lucrativo, ela deverá queimar carvão pelo menos até o ano 2042 – e durante esse tempo lançará 250 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
          Assim surgem os especuladores na bolsa de valores do mercado de carbono, para eles a poluição do ar é apenas uma questão de preço – e eles podem acompanhá-los no canto inferior esquerdo de seus monitores. Por exemplo, se num dia a tela indicar 15,64 euros (R$ 37,07), esse será o preço a pagar pelo direito de ejetar uma tonelada de CO2. Por isso é mais fácil e barato comprar créditos de carbono do que desenvolver uma energia sustentável. Esses créditos são tão baratos porque o comércio de emissões deixa uma lacuna em aberto: sua comercialização entre os países industrializados e as nações pobres do mundo.        
       


No próximo post falarei sobre as consequências que os países que vendem seus créditos de carbono passam. Se vocês quiserem ler mais sobre o assunto, vocês podem achar essa matéria na revista GEO número 26.

Nenhum comentário:

Postar um comentário